quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Divindades da Fertilidade

Relevo em calcário de proveniência desconhecida e datação 644 - 335 a.C. A esquerda de Bés encontra-se Beset.
Museu Allard Pierson - Amsterdam - Holanda

Bés era uma antiga divindade egípica representada por um anão robusto e monstruoso. Era o bobo dos deuses, senhor do prazer e da alegria. Ele é muitas vezes representado com a língua de fora e segurando um chocalho. Quando esculpido ou pintado na parede, ele nunca aparece de perfil, mas sempre de frente, o que é único na arte egípcia. Bés é um deus pouco vulgar. Ele não parece ser egípcio, mas de onde ele vem é desconhecido. Ele parece-se com deuses encontrados na África central e do sul. Bés era inicialmente o protetor do parto. Durante o nascimento, ele dançava à volta do quarto, abanando o seu chocalho e gritando para assustar demônios que de outro modo poderiam amaldiçoar a criança. Depois da criança nascer, Bés ficava ao lado do berço entretendo o bebê. Quando a criança ria ou sorria sem motivo aparente, acreditava-se que Bés estava no quarto fazendo caretas.


Escultura de arenito do deus egípcio Khnum de 1550 a.C.

"Estela da Fome" - Ilha Sehel

Khnum é um deus com origens antigas, que possivelmente remontam à época pré-dinástica. Este deus representava os aspectos criativos; acreditava-se que Khnum regulava as águas do Nilo e estava também ligado à criação dos seres humanos.
Uma tradição afirma que o rei Djoser estava preocupado com uma fome de sete anos que se tinha abatido sobre o Egipto. O rei compreende que esta situação esta associada ao fato de Khnum não permitir a circulação das águas do Nilo, que prende com as suas sandálias. O rei decide então realizar oferendas à divindade, que surge num sonho a pedir que continue a honrá-lo convenientemente e um templo foi construído para Khnum na esperança de acabar com a seca e a fome. Esta história encontra-se gravada num estela da época ptolomeica, conhecida como a "estela da fome" e é provável que tenha pouco valor histórico, dado longo período de tempo que decorre entre Djoser e a era ptolomeica.


O deus-Nilo representado nesta estátua de arenito - 900 a.C. - British Museum

Os egípcios personificavam o rio Nilo como o deus Hapi. Esta divindade representava a inundação anual a que o Antigo Egipto estava sujeito entre meados de Julho e Outubro pelas águas do Nilo.
Hapi não tinha templos a si dedicados, mas era associado à região da primeira catarata do Nilo (ilha de Biga, onde se dizia que residia) ou ao vértice do Delta do Nilo, perto da cidade do Cairo. Era por vezes representado de forma duplicada no símbolo do sema-taui, símbolo que representava a união do Alto e do Baixo Egito, ao atar as duas plantas heráldicas: o lótus e o papiro.


Cena do Livro dos Mortos que representa a pesagem do coração. No canto esquerdo é possível ver a deusa Meskhenet.

O nome Meskhenet significa "o lugar onde a pessoa se agacha" e está relacionado com o fato das mulheres egípcias darem à luz em posição agachada com os pés posicionados sobre tijolos. A deusa que era assossiada ao parto, moldava o ka dos seres, assegurava o nascimento destes em segurança e decidia o destino de cada um deles. Surgia também depois da morte, já que estava presente na chamada "Sala das Duas Verdades" onde os seres humanos eram julgados pelos atos que tinham praticado, informando sobre o que a pessoa tinha feito. Estava presente no momento em que o coração era pesado e simbolicamente assistia ao novo nascimento da pessoa, caso a esta lhe fosse atribuída uma existência no paraíso.
Acreditou-se que a deusa ajudou no nascimento de três reis da V Dinastia, Userkaf, Sahuré e Neferirkaré, assegurando que cada um deles seria rei.


Estátua em bronze de Nefertum no British Museum
(aproximadamente 500 a.C.)

Nefertum era um deus da mitologia egípcia que estava associado à beleza e aos perfumes. É um deus antigo, originário do Baixo Egito e mencionado nos Textos das Pirâmides (hieróglifos) - século XXIV a.C. Vários autores defenderam significados para o seu nome como "Lótus", "Perfeição absoluta" ou "Atum, o belo". Na cosmogonia de Heliópolis o deus era associado a Atum, sendo visto como a manifestação deste deus como a criança que saiu da flor de lótus e apareceu no monte primordial que emergiu das águas. De acordo com o relato, as lágrimas derramadas por este menino deram origem à humanidade. Na cidade de Mênfis formou a partir do Império Novo uma tríade (agrupamento de três deuses) com os deuses Ptah e e a deusa Sekhmet, sendo porém frequentemente susbtituído nesta tríade pelo arquiteto Imhotep. Nefertum não tinha templos nem sacerdotes associados ao seu culto, que segundo o que se sabe, consistia no porte pessoal de pequenas estátuas do deus, usadas como amuletos.


Sekhmet no Templo de Karnak

Na mitologia egípcia Sekhmet é a deusa da guerra e das doenças. Possui força e coragem, e tem como missão proteger o deus e o faraó. Conta-se que ordenou a Sekhmet que castigasse a humanidade por causa de sua desobediência. A deusa executou a tarefa com tamanha fúria que o deus precisou embebedá-la para que ela não acabasse exterminando toda a raça humana. Venerada nos santuários de Mênfis como esposa de Ptah e mãe de Nefertum.


Templo de Satet (18ª dinastia) na Elefantina, ilha no rio Nilo ao sul do Egito

Satet era considerada a deusa das plantações. O cetro de talo de flor de lótus era característica dessa deusa, representando a necessidade da afinidade com o ambiente para a realização da criação. Satet era responsável pela inundação do Nilo (que gerava a fertilidade dos solos no Antigo Egito).


Estátua em bronze de Ptah encontrado em Sakara - o Serapeum - 26ª dinastia (664 - 525 a.C.)
Museu de Antiguidade do Cairo - Egito

Ptah é o deus construtor, o criador e divindade patrona da cidade de Mênfis. Ao contrário de Seker, outro deus construtor, Ptah está associado às obras em pedra. Ápis era seu oráculo. Mais tarde foi combinado com Seker e Osíris para criar a deidade composta Ptah-Seker-Osiris. Ele é marido de Sekhmet e, por vezes, de Bastet. Seus filhos incluem Nefertem, Mihos, Imhotep e Maahes. Em alguns mitos, é o criador de .


O deus Min no Museu do Louvre - França

Min era a divindade que promovia a fertilidade. Seus amuletos tinham nítida conotação sexual e seu possuidor acreditava melhorar a eficácia profilática. O artesão egípcio, dotado de um sentido demasiadamente desenvolvido de estética e servido por uma imaginação extremamente fecunda, produzia símbolos fálicos com a figura do deus Min na sua posição característica com o braço direito levantando o falo ereto.


Anuket representada como uma mulher que usava um toucado formado por plumas na cabeça

Anuket era uma deusa da mitologia egípcia, inicialmente ligada à água, tendo se tornado mais tarde uma divindade associada à sexualidade e à luxúria. O seu nome significa "abraçar". O seu culto estava centrado na região da primeira catarata do Nilo, mas especificamente na ilha de Sehel. Em Elefantina era agrupada com Khnum (considerado como o seu marido) e com Satis. A deusa adquiriu grande popularidade em períodos durantes os quais o Egipto dominava regiões situadas para além da primeira catarata.