domingo, 23 de novembro de 2008

Divindades da Realeza

No British Museum os gatos egípcios mumificados em louvor à Deusa Bastet

Bastet é uma divindade solar e deusa da fertilidade, além de protetora das mulheres grávidas. Também tinha o poder sobre os eclipses solares. A deusa está presente no panteão desde a época da II dinastia. Por vezes é confundida como Sekhmet, adquirindo neste caso o aspecto feroz de leoa. Certa vez, ordenou a Sekhmet que castigasse a humanidade por causa de sua desobediência. A deusa, que é representada com cabeça de leoa, executou a tarefa com tamanha fúria que o deus precisou embebedá-la com cerveja para que ela não acabasse exterminando toda a raça humana. O que acabou originando a deusa Bastet. Era a esposa de Ptah, com quem foi mãe de Nefertum e Mihos. Nos seus templos foram criados gatos que eram considerados como encarnação da deusa e que eram por essa razão tratados da melhor maneira possível. Quando estes animais morriam eram mumificados, sendo enterrados em locais reservados para eles.


A nível iconográfico Iah era representado, na sua forma antropomórfica, com um disco solar e crescente da lua nova sobre a sua cabeça, onde também tinha uma trança lateral característica das crianças egípcias.

Iah ou Aah era o deus da lua. As primeiras presenças do nome "Iah" referem-se à lua enquanto satélite do planeta terra. Mais tarde, a palavra passaria a designar uma divindade. Alcançou grande popularidade na época que se seguiu ao Império Médio, ou seja, na época de dominação do Egito pelos Hicsos, um povo oriundo da Palestina.



No Museu Karnak a céu aberto, encontramos Mafdet representada como um animal (que ainda não foi possível identificar, sendo talvez uma pantera ou lince) que subia por um bastão curvado na parte superior que tinha uma corda e uma lâmina. Este instrumento era usado na aplicação da justiça.

Mafdet era a deusa associada à justiça e ao poder real e seu nome significa provavelmente "a corredora". É uma divindade muito antiga, que já era adorada no tempo da I Dinastia (Época Tinita). Acreditava-se que a deusa combatia os escorpiões e as serpentes com as suas garras afiadas. Para além deste aspecto feroz, Mafdet tinha igualmente um lado benéfico, sendo invocada para afastar as picadas dos escorpiões e das serpentes. Era por isso chamada de "Senhora da Casa da Vida", uma referência ao local onde se curavam os doentes no Antigo Egito. A deusa era também encarada como protetora do faraó.


Montu (observe o hierógrifo do seu nome ao lado direito da sua coroa) no Templo de Karnak - o museu ao ar livre (sul do Cairo).

De início Montu era um deus solar, associado a (Montu-Ré), sendo considerado como a manifestação destrutiva do calor do sol. Foi no tempo da XI dinastia que Montu adquiriu características associadas à vitória e à guerra. Era conhecido como o "senhor de Tebas", situando-se o seu principal centro de culto em Hermontis.



Nekhbet era representada como um abutre que usa a coroa branca, agarrando com as suas patas o ceptro uas ou o anel chen. Na peça acima, a divindade está ao lado do símbolo o olho da deusa Uadjit.

Nekhbet é originária da cidade de Nekheb no Alto Egito e era também uma das deusas protetoras da realeza egípcia. A deusa protegia os nascimentos, em especial o nascimento dos reis. Junto com Uadjit poderia ser representada no toucado dos faraós, acreditando-se que estas poderiam repelir os inimigos do soberano.


Sobek no único templo duplo egípcio, o Kom Ombo, assim chamado por ser dedicado a duas divindades: Sobek e Hórus

Sobek ou Sebek é o deus-crocodilo da fertilidade e criador do mundo, no Antigo Egito, por vezes identificado com ou Set e tido como filho de Neit. Oriundo das regiões do Faium, este deus está associado à astúcia, paciência e à crise, à tudo que interrompe o curso natural das coisas.



Mulher com cabeça de leoa para aludir ao aspecto de defensora da realeza

Uadjit era na mitologia egípcia a deusa padroeira do Baixo Egito e seu nome significa "A verde" (cor das serpentes) e "A da cor do papiro" (numa alusão à planta do papiro, que teria sido por ela criada e que era a planta heráldica do Baixo Egipto). Uadjit começou por ser uma divindade ligada à vegetação tendo se transformado numa deusa da realeza. Ela foi integrada na lenda de Osíris, na qual é ela quem toma conta do pequeno Hórus, escondido nos pântanos do Delta, o qual alimentou com o seu leite, enquanto Ísis procurava por Osíris.

sábado, 22 de novembro de 2008

Divindades Funerárias

Capítulo dos Mortos, Livro de Maat: " Nós, os Chacais, sacerdotes de Anúbis, somos os guardiães de suas tumbas gloriosas ou sepulturas humildes. Somos os guardiães dos mortos. Somos os servos de Anúbis. Somos a Cinópolis."

Ánubis é o antigo deus egípcio da morte e dos moribundos, por vezes também considerado deus do submundo. Conhecido como deus do embalsamamento, presidia às mumificações e era também o guardião das necrópoles, das tumbas, e o juiz dos mortos. Os egípcios acreditavam que Ánubis guiava a alma dos mortos no Além. Os sacerdotes de Anúbis usavam máscaras de chacais durante os rituais de mumificação. Esta divindade é uma das mais antigas da mitologia egípcia e seu papel mudou à medida que os mitos amadureciam, passando de principal deus do mundo inferior a juiz dos mortos, depois que Osíris assumiu aquele papel. A associação de Anúbis com chacais provavelmente se deve ao fato de estes perambularem pelos cemitérios. Alguns egiptologistas se referem ao "animal de Anúbis" para indicar a espécie desconhecida que ele representava. As cidades dedicadas a Anúbis eram conhecidas pelo grande número de múmias e até por cemitérios inteiros de cães.


Representação dos Filhos de Hórus em vasos canópicos da XIX Dinastia

Filhos de Hórus é a designação dada a quatro deuses do Antigo Egito: Imseti, Hapi, Duamutef e Kebehsenuef. Estes deuses estavam estritamente ligados ao culto funerário, não tendo sido alvo de nenhum culto em templos. Pouco se sabe sobre a origem destes deuses, que já eram vistos como filho do deus Hórus desde a época do Império Antigo. Nos Textos das Pirâmides são mencionados catorze vezes, sendo responsáveis por ajudar o defunto na sua viagem para o Além. Cada um deste deuses era visto como o guardião de um dos órgãos internos do falecido. Durante o processo de mumificação os órgãos internos eram retirados e colocados nos chamados vasos canópicos. A partir da XVIII Dinastia a tampa destes vasos passou a reproduzir a cabeça destes deuses (anteriormente reproduzia-se a face idealizada do defunto).



Templo de Meretseger e Ptah cavado na rocha próximo do Vale das Rainhas

Meretseguer ou Meretseger era uma deusa-cobra e o seu nome significa "a que ama o silêncio" ou "amada pelo silêncio". Era representada como simples cobra, como uma mulher com cabeça de cobra ou como uma cobra com cabeça de mulher. Tinha por vezes um toucado constituído por disco solar e cornos. As informações mais antigas sobre a deusa datam da época do Império Médio. Durante a época do Império Novo a deusa tornou-se guardiã dos túmulos das necrópoles de Tebas (Vale dos Reis), acreditando-se que atacava aqueles que tentavam pilhá-los. A deusa era detentora de uma certa ambiguidade: atacava os trabalhadores que cometiam crimes ou mentiam, castigando-os com a cegueira ou através de picadas venenosas, mas ao mesmo tempo poderia curar os que se mostrassem arrependidos. Quando se abandonou o Vale dos Reis como necrópole real, na XXI Dinastia, o seu culto (que nunca ultrapassou o âmbito local) entrou em decadência.


Serket representada em estátua de ouro que "protegia" Tutankhamen em seu sarcófago

Serket foi a deusa escorpião e o seu nome é uma abreviação da expressão Serket-Hetyt que significa "Aquela que faz respirar a garganta" ou, de acordo com outra interpretação, "Aquela que facilita a respiração na garganta"; no primeiro caso aludia-se ao facilitar da respiração dos récem-nascidos e no segundo ao seu papel benéfico na cura de picadas de escorpião (sendo um dos efeitos destas picadas a sensação de sufoco). A referência mais antiga que se conhece à deusa data do tempo da I dinastia. De início não possuía as características benéficas que adquire mais tarde. Era a mãe (ou esposa) do deus serpente Nehebkau, cuja função era proteger a realeza e que vivia no mundo dos defuntos. Devido a esta associação, Serket era vista como guardiã de uma das quatro portas do mundo subterrâneo, prendendo os mortos com correntes.



Sokar "gravado" no túmulo de Ramsés VII (XX dinastia egípcia)

Sokar era um deus funerário e seu nome significa "o que está encerrado". Era representado como um falcão ou como um homem mumificado com cabeça de falcão com uma coroa atef (coroa branca do Alto Egito com duas plumas). Era o deus de Sakara, a necrópole da cidade de Mênfis, uma das várias capitais que o Antigo Egito teve.

Animais Sagrados

Ápis foi retrato com um círculo solar entre os chifres e uma serpente sobre a cabeça
Ápis era originalmente considerado a encarnação do Deus Ptah, o Criador do Universo e mestre do destino, mas esta foi uma associação menos conhecida. Depois, Apís tornou-se largamente conhecido como a encarnação de Osíris, deus de embalsamentos e cemitérios, quando o próprio Ptah enfrentou um funeral característico, tornou-se associado com Osíris.

Benu era um animal mitológico parecido com uma garça real e o seu culto estava centrado em Heliópolis deixando pouquíssimos registros. Esta ave foi associada ao sol e era um dos símbolos do renascimento. Seu aparecimento era motivo de grandiosas comemorações em todo o Egito, pois representava o nascimento de eras magníficas para o povo do Egito. Posteriormente foi associado a fênix pelos gregos.


Vaso canopo de um boi identificado com Mnévis (dinastia XXVI) Museu Arqueológico Nacional de Espanha

Mnévis era um boi negro adorado como divindade na cidade de Heliópolis e o seu culto foi instituído na II dinastia, embora seja provável que tenha sido adorado desde tempos pré-dinásticos. Os sacerdotes de Heliópolis escolhiam um boi da região que levavam para o templo, onde este era adorado. Só poderia existir um Mnévis de cada vez. Os movimentos que o animal descrevia eram usados como um oráculo e depois da sua morte, o touro era mumificado, sendo os seus órgãos colocados nos vasos canopos, e sepultado numa necrópole perto de Heliópolis.


Nesta pintura Ammit é o animal meio hipopótomo, meio leão, com a cabeça de crocodilo

Ammit é a personificação da retribuição divina para todos os males realizados em vida. Não é apenas um deus, é a punição para aqueles que não foram aceitos em Amenti (templo aonde as almas dos mortos eram reunidas depois da morte). Ammit devora aqueles que foram julgados como pecadores, que não agiram de maneira correta em vida. O "inferno" para os Egipcios se resumia a Ammit, que destruia suas almas, deixando de existir definitivamente.

Homem Deificado I

Estátua em pedra de Amen-hotep - Museu Egípcio - Cairo
Foto by Hirmer Fotoarchiv

Amen-hotep, dito "filho de Hapu" (1440 a.C. - 1360 a.C.), foi um vizir do faraó Amen-hotep III durante a XVIII dinastia egípcia. Desempenhou funções de comando militar, mas foi também arquiteto. À semelhança de Imhotep, foi transformado numa divindade.
Nasceu em Athribis, uma cidade da região do Delta do Nilo, de origem humilde. Começou a sua carreira como escriba antes de alcançar o título de vizir.
O faraó dedicou-lhe uma estátua no seu templo de Karnak, um feito raro na época, dado que o seu vizir não tinha origem real.
A deificação da sua pessoa só se desenvolve verdadeiramente na era ptolemaica (mil anos depois da sua morte), quando Ptolomeu IV construiu um templo em Deir el-Medina em volta da sua campa. Nesta era ele foi considerado como uma divindade detentora de poderes curativos, sendo associado a Osíris e a Amon-Ré.

Os gregos denominaram de Colossos de Memnon as estátuas de quartzito gigantes com 18 metros de altura que estão situadas na necrópole da antiga cidade de Tebas, a oeste da cidade de Luxor, no Egipto. Estas estátuas eram entendidas como guardiãs do templo funerário do faraó que era um dos maiores da Antiguidade, mas foi completamente destruído devido às inundações do Nilo e à extracção de materiais.
Um sismo ocorrido em 27 a.C. abriu uma fenda no colosso norte. A partir de então o acumulo de umidade durante a noite produzia o fenômeno da "estátua cantante" ao evaporar pela manhã.
As estátuas representam Amen-hotep III sentado no trono com as mãos pousadas sobre os joelhos. Em cada lado das suas pernas está a sua mãe, Mutemuia, e a sua esposa principal, a rainha Tié.

Homem Deificado II

Estátua de Imhotep no Museu do Louvre em Paris, França

Imhotep foi um misto de arquiteto, médico e mago. Os antigos egípcios deificaram-no como deus da medicina, sendo sua tumba local de peregrinação religiosa na antigüidade. É o primeiro médico e arquiteto cujo nome é conhecido por meio de documentos históricos escritos. Viveu no século XXVII a.C., tendo sido vizir ou ministro-chefe de Djoser, o segundo rei da terceira dinastia egípcia.

A pirâmide escalonada de Djoser serviu de protótipo às pirâmides de Gizé e todas as outras que se seguiram.

Imhotep arquitetou a primeira pirâmide do Egito - a pirâmide de Sacará, com seis enormes degraus, e que atinge aproximadamente 62 metros. Esta configuração foi idealizada a pedido do Faraó Djoser, que desejava para si um túmulo mais grandioso que os que o antecederam, este monumento sugeria ainda, segundo alguns arqueólogos, a ascenção ao céu.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Conceitos Deificados

Maat, a deusa da justiça


Relevo em calcário com Maat proveniente do Vale dos Reis 1.290 a.C.
(museo archeologico nazionale/museo egizio)

A Deusa Maat, ou Maet, é a filha de Rá, o deus do Sol, e esposa de Toth, o escriba dos deuses com cabeça de íbis. Representa a corrente da justiça e do equilíbrio, e todos os seres da criação deviam aceitá-la e seguí-la. Assim o homem e a mulher, a natureza e a humanidade, poderam conviver com respeito mútuo. A Figura da Deusa é representada como uma mulher, de pé, sentada ou com um dos joelhos em terra com uma pluma de avestruz sobre a cabeça, que é o seu principal signo identificador. Em muitas representações, a simples figuração da pluma simboliza a sua presença e atuação. Após a morte o individuo deveria pesar seu coração em uma balança segurada por Maat onde um dos pratos receberia o coração e no outro o contrapeso seria a pluma de avestruz. Se os pratos ficassem em equilíbrio, o morto podia festejar com as divindades e os espíritos da morte. Entretanto, se o coração fosse mais pesado, ele era devolvido para Ammut (deusa do Inferno, que é parte hipopótamo, parte leão, parte crocodilo) para ser devorado. Como se vê, os deuses egípcios não eram pessoas imortais para serem adoradas, mas sim ideais e qualidades para serem honradas e praticadas.

Heka era a companheira de no momento da criação, juntamente com Sia e Hu. Esses três deuses eram essenciais em qualquer forma de magia: Sia significando o Conhecimento, e Hu significando a Sabedoria. Heka significa literalmente Magia, do encanto ou do poder da expressão criadora. Os sacerdotes de Mênfis associavam esses três deuses com a criação do mundo por meio da palavra divina de Ptah.

domingo, 9 de novembro de 2008

O Estatuto dos faraós

Hatchepsut - Museu Nacional de Alexandria


Mais que um simples rei, o faraó era também o administrador máximo, o chefe do exército, o primeiro magistrado e o sacerdote supremo do Egito (sendo-lhe, mesmo, atribuído caráter divino).

Em muitos casos, cabia ao faraó decidir, sozinho, a política a seguir. Na prática era frequente que delegasse a execução das suas decisões a uma corte composta essencialmente por:
Escribas, que registavam os decretos, as transacções comerciais e o resultado das colheitas, funcionando como oficiais administrativos e burocracia de Estado;
Generais dos exércitos e outros oficiais militares, que organizavam as campanhas das guerras que o Faraó pretendesse empreender;
Um Tjati (Vizir), que funcionava como primeiro-ministro, e auxiliava o faraó nas mais variadas funções, desde a justiça às campanhas militares;
Sacerdotes, incumbidos de prestar homenagem aos deuses, no lugar do faraó.

O estatuto e papel do Faraó são, portanto, hereditários, transmitindo-se pelo sangue. Apesar do papel subalterno das mulheres nesta sociedade, os egípcios preferiram, por vezes, ser dirigidos por uma mulher de sangue divino (como Hatchepsut) que por um homem que o não seja (sendo interessante que até Hatchepsut é representada em esculturas ostentando uma farta barba, símbolo de masculinidade e sabedoria). As linhagens faraónicas nunca chegaram, contudo, a prolongar-se durante muito tempo, interrompidas que eram por invasores e golpes de estado.

sábado, 8 de novembro de 2008

O Egito faraônico

O Egito foi uma savana até se iniciar o Neolítico. Por volta de 6.000 a.C. o território já tinha adquirido as características áridas que o caracterizam atualmente. O período pré-dinástico (período anterior às dinastias históricas) viu nascer no Alto Egito três culturas: a badariense, a amratiense e gerzeense.

Os documentos históricos desta época são escassos, reduzindo-se a alguns monumentos e alguns objetos que ostentam o nome dos governantes. A chamada "paleta de Narmer" é, sem dúvida, destes objetos, o mais importante e mais discutido. Uma das razões para esta falta de documentação deve-se ao fato da escrita estar em desenvolvimento, não existindo na forma acabada dos hieróglifos que conhecemos hoje.

Em cerca de 3.200 a.C., Narmer unificou os reinos do Alto Egito, cuja a coroa branca ele usava, e o Baixo Egito, cujo soberano usava coroa vermelha. Coroado com ambas, ele foi o primeiro dos reis que durante 30 dinastias no curso de três milênios reinaram no Egito. Segundo o esquema estabelecido no séc. III por Manethon, sacerdote e historiador, que identifica o primeiro rei pelo nome de Menés, provoca discórdias entre os egiptólogos, porque alguns defendem que Menés e Narmer são a mesma pessoa, outros acreditam que o primeiro rei foi Hórus Aha. A Paleta de Narmer é uma placa de xisto que comemora esta unificação. Um dos lados desta placa mostra Narmer usando a coroa do Alto Egito (a coroa branca), enquanto que o outro lado mostra-o com a coroa do Baixo Egito (a coroa vermelha) num cortejo triunfal.


Face frontal (reprodução) da Paleta de Narmer
Face posterior desta reprodução está exposta no Royal Ontario Museum, Canadá. Original encontra-se atualmente no Museu do Cairo, Egito.

É chamado de Época Tinita o período do reinado de Narmer e dos soberanos da I e da II dinastias, datando de cerca de 3.100 a.C. até cerca de 2.700a.C. Ele estabeleceu sua capital em Tis e lançou os alicerces da cidade nova de Mênfis. Nessa época se organizou a exploração agrícola e estabeleceu-se a relação entre faraó e sua filiação divina.

Durante a I dinastia os seus soberanos lançaram as bases para a futura grandeza do Egito, combatendo os Núbios (a sul), os Líbios (a oeste) e os Beduínos (a leste), populações que tinham como principal objetivo fixar-se no Egito.

As manifestações artísticas deste período revelam já uma grande perfeição e o culto dos mortos e a mumificação já eram praticados. O culto da maior parte das divindades egípcias também foi atestado.

Os primeiros monarcas do Antigo Egipto usavam apenas este nome: Hórus. Uma imagem de um falcão, que simboliza o deus Hórus, era colocada sobre o serekh, um painel retangular que representa a fachada do palácio real. Esta alusão ao deus Hórus estava relacionada com a história de Osíris, que tinha sido rei do Egito, antes de ter sido assassinado pelo seu irmão Set. A sua esposa e irmã Ísis teve um filho seu, Hórus, que vingou a morte do pai matando Set, tornando-se rei do Egito.

domingo, 26 de outubro de 2008

Antigo Egipto = Fascinação

Fascinação é a sensação que se sente ao pesquisar sobre esse povo que iniciou a sua história há mais de 5.000 anos atrás, época em que se verificou a unificação dos reinos do Alto e do Baixo Egipto. A civilização egípcia se desenvolveu no canto nordeste do continente africano, tendo como fronteira a norte o Mar Mediterrâneo, a oeste o deserto da Líbia, a leste o deserto da Arábia e a sul a primeira catarata do rio Nilo.

Os historiadores dividem a história do Antigo Egipto em vários períodos, baseando-se em dois critérios. O primeiro fundamenta-se no sistema de Maneton, um sacerdote egípcio do século III a.C., autor de uma história do Egipto, na qual dividia os soberanos do país em trinta dinastias. A outra divisão habitual é em três períodos principais, denominados de "impérios" que correspondem a épocas de prosperidade, intercalados por três épocas de decadência social, cultural e política, conhecidas como "períodos intermediários". A estes seis períodos juntam-se o período pré-dinástico (anterior ao surgimento das dinastias) e proto-dinástico, o período arcaico e a era greco-romana. Não existe uma concordância entre os historiadores em relação às datas de início e fim de cada período, sendo por isso possível encontrar em obras sobre o Antigo Egipto diferenças significativas entre as datas propostas.

Como podemos ver já está claro que a história desse povo apresentará "épocas de decadência social, cultural e política". Vamos analisar desde o período pré-dinástico até o período romano o quê aconteceu também com a questão moral. Isso porque a intenção deste blog é aliar história com a eterna busca (da autora) do ser moralmente perfeito.

Pintura Rupestre

Para concluir definitivamente as passagens das postagens anteriores, eu pesquisei sobre os sítios arqueológicos mais importantes do mundo. São eles: Caverna de Altamira (Espanha), Cavernas de Lascaux e de Chauvet (França).

Caverna de Altamira
Altamira é o nome de uma caverna situada a 30 km da cidade de Santander, na Cantábria, Espanha. As suas pinturas foram descobertas em 1879, sendo o primeiro conjunto pictórico pré-histórico de grande extensão descoberto.

Investigadores modernamente amparados para estudos de jazidas e santuários tanto subterrâneos como ao ar livre propuseram para as pinturas de Altamira uma datação entre 15.000 e 12.000 anos a.C., pertencentes portanto ao período Magdaleniano.

O realismo de suas cenas provocou, em um primeiro momento, um debate em torno de sua autenticidade, até ser aceita como uma obra artística realizada por homens do Paleolítico.

O animal mais representado é o bisão. Há até 16 exemplares em diversos tamanhos, posturas e técnica pictórica, assim como cavalos, cervos e outros sinais.


Caverna de Lascaux

Lascaux é um complexo de cavernas ao sudoeste da França. Em suas paredes estão pintadas bovídeos, cavalos, cervos, cabras selvagens, felinos, etc. e a sua disposição permite pensar tratar-se de um santuário. Foi descoberta em 1940 e é considerada a Capela Sistina da pré-história.

Lascaux pode ser a mais bela caverna paleolítica pintado no mundo. Contém mais de 1500 fotos dos animais, todos eles tem cerca de 17.000 anos.


Caverna de Chauvet

A Caverna de Chauvet, localizada ao sul da França, foi descoberta em 1994 por espeleólogos que encontraram restos fossilizados de muitos animais, incluindo alguns já extintos, e suas paredes são ricamente decoradas com pintura rupestre. A maior parte das pinturas é do mais antigo (30.000 a 32.000 anos) e a última ocupação (cerca de 26.000 anos) deixou poucas marcas, como a impressão de um pé de criança, restos de fogueiras e a fuligem das tochas usadas para clarear. Esta recente descoberta deixou os arqueólogos em estado de graça. Dá para entender...

A grande e complexa pintura dos cavalos recebe atenção especial por parte dos investigadores.

A cena dos leões caçando é cada vez mais rara dentre as encontradas na arte paleolítica.
Quatorze diferentes espécies animais são retratados na caverna Chauvet. Aqui, três belos cavalos se enfrentam um ao outro.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Continente Mu

Reconstituição Paleogeográfica - Gondwana

Não posso prosseguir sem mencionar o Continente Mu já que dediquei postagens a Lemúria e a Atlântida.

Para alguns esse Continente estaria no meio do oceano Pacífico, entre a Austrália e a América (rever foto da postagem de 17/09/2008 - "Evolução" ), e para outros, seria parte de um supercontinente formado em bloco pela Sulamérica, África, o Indico, a península Índia, Austrália e Polinésia, ao qual se denominou caprichosamente Gondwana.

Poucas notícias se tinham deste continente perdido até finais do século XIX quando um militar britânico, James Churchward, disse que um sacerdote hindú Rishi lhe ensinou uma língua, a nagamaia, morta há milhares de anos, e posteriormente lhe mostrou algumas tábuas - As Tábuas Naacal - nas quais se falava da criação do mundo e dos primeiros habitantes da terra chamados uigures. Esta civilização de 200 mil anos e sessenta milhões de pessoas foi devastada há cerca de 12.000 anos por um cataclismo e submergiu. As tábuas descrevem ainda uma religião de tipo monoteísta, que parece ser o modelo em que foram baseadas as demais. Esta seria a Mãe-Pátria do Homem, o Império do Sol que fundou colônias na América do Norte e no Oriente muito antes de as tribos nômades se fixarem na Mesopotâmia. O coronel inglês defendeu ser esta a origem de tantas ruínas intrigantes e das muitas lendas e símbolos idênticos presentes em povos os mais distantes. A origem da humanidade teria estado portanto no hipotético Mu, e seus povoadores parece que foram abandonando pouco a pouco suas primitivas formas religiosas, até que seu deus decidiu castigá-los pelo estado de decadência a que haviam chegado, e lançou um cataclismo que se apagou da face da terra.

Este povo também descuidou-se dos valores morais e se renderam aos mundanos.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

1ª Conclusão

Apesar do continente atlante estar geologicamente mais para lenda, o povo atlante é bem provável ter vivido pelo menos nas Américas. Porém, reza essa lenda que o alto nível de conhecimentos extraordinários em diversas áreas humanas e espirituais não serviram para que os atlantes evitassem a ambição, o orgulho, e se tornaram violentos. Desprezaram as práticas sãs nos templos e se entregaram à magia negra para conseguirem seus intuitos. Despertou, entre eles, a discórdia e a corrupção. Portanto, esta civilização que teve em suas mãos a parceria perfeita entre vida material, moral e espiritual perdeu tudo por causa do poder e da cobiça.

Os hindus, descendentes dos árias vindos do continente Hiperbóreo, surgiram entre 4000 e 6000 a.C. A espiritualidade elevada não os afastou do orgulho que surgiu com a organização das castas preconceituosas e hierárquicas. O povo hindu separou-se para sempre. Esses estragos morais se arrastam até os dias de hoje, onde acompanhamos pelos noticiários os absurdos sociais que assolam essa gente.

Percebo que nossa inclinação imoral vem desde os primórdios... Espero que as próximas culturas que postarei me surpreendam mais positivamente. Assim caminha a humanidade...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A Mitologia Hindu

Eu vou escrever um pouco sobre mitologia hindu porque nas próximas postagens pretendo explanar também sobre mitologia egípcia, grega...
A mitologia descreve Brahmá como tendo surgido de um lótus saído do umbigo de Vishnu e com ele toda a criação. Diz-se também que Brahmá surgiu de um ovo de ouro, Hiranyagarbha, nas águas causais. Sua consorte, Sarasvati, o Conhecimento, manifestou-se a partir dele. Dessa união surgiu toda a criação. É representado com quatro cabeças, simbolizando os quatro Vedas.



Vishnu, a segunda deidade da Trindade hindu, é o responsável pela proteção, manutenção e preservação da criação. A palavra Vishnu significa ‘aquele que tudo impregna’. Sua Shakti, ou seja, seu aspecto feminino, sua consorte é Lakshmi, deusa da prosperidade, riqueza e da beleza. A partir de Vishnu surgem todos os Avataras, aqueles que se encarnam com a missão de restabelecer o Dharma. São dez os avataras: Matsya, Kurma, Varaha, Narasimha, Vamana, Parasurama, Ramachandra, Krishna, Buddha e Kalki.


Rama ou Ramachandra, que significa lua encantadora, ou aquele que brilha na Terra. Sua missão: o cumprimento do Dharma. É o símbolo do grande homem, o perfeito filho, o perfeito marido, irmão, amigo e governante. Sua saga está descrita no épico Ramayana, onde é relatado com detalhes seu casamento com Sita, e sua luta contra o demônio Ravana. Recebeu ajuda de Hanuman nesta empreitada.


Krishna é o mais popular e amado avatara da Índia, com maior número de templos e devotos. Nos Puranas é descrito como um pastor tocador de flauta. No Mahabharata é o sábio que dá o ensinamento a Arjuna no campo de batalha.


Shiva é o aspecto de Brahman, o Absoluto, na Trindade hindu que representa a destruição, a transformação para um novo renascimento. Sua Shakti é Parvati, a matéria.



Devis são as deusas, as mães divinas, aquela que resplandece. Nos Vedas eram apresentadas como energia ou poder do criador, a Shakti. Nos Puranas aparecem como devis. Representam a sabedoria do universo, o aspecto protetor, maternal do Absoluto. Apresentam-se de 5 formas diferentes: Parvati, Durgá, Káli, Lakshmi e Sarásvati.





Parvati é a Mãe do Universo e consorte de Shiva. Simboliza a disciplina, a renúncia, o esforço que leva o devoto ao Conhecimento.


Durga representa o aspecto feroz de Parvati. Montada em um leão ou tigre, ela tem 12 ou 18 braços e em cada mão tem armas dadas pelos deuses. Seu objetivo é ser implacável com os demônios que representam nosso ego e nossa ignorância. Ela nos mostra que devemos ser decididos na destruição de tudo que nos impede de percebermos nossa verdadeira natureza divina.


Kali é o aspecto mais feroz ainda de Parvati. Tem língua roxa, não usa roupa e seu corpo é coberto pelos longos cabelos negros. Usa um colar de caveira, tem quatro braços e leva em cada mão armas de destruição e uma cabeça sangrando. É a devoradora do tempo.


Lakshmi é a consorte de Vishnu. Ela é muito popular na Índia, sendo considerada a mais próxima dos seres humanos. Quer o bem estar de todos sem se preocupar com suas ações ou seu passado. Simboliza a riqueza material e espiritual, representando o nosso universo ilusório.

Sarasvati é considerada a personificação de todos os conhecimentos, artes, ciências e letras. Sem ela Brahmá, seu consorte, não poderia ter criado o mundo. É associada à fertilidade, à purificação, à fala, à linguagem e à palavra.


Filho de Shiva e Parvati, Ganesha é o menino com cabeça de elefante, sendo a mais popular e querida deidade hindu. É o removedor dos obstáculos. A cabeça de elefante representa a grande disposição para escutar, refletir e meditar; a tromba representa o discernimento. O rato que sempre aparece junto representa o desejo, mantido sob controle.

Vedas


Rigveda - 1500 a.C. - Wikipédia (Domínio Público)


Segundo a Wikipédia:

Denominam-se Vedas os quatro textos em sânscrito que formam a base do extenso sistema de escrituras sagradas do hinduísmo, que representam a mais antiga literatura de qualquer língua indo-européia. A palavra Veda, em sânscrito, da raiz विद् vid- (reconstruída como sendo derivada do Proto-Indo-Europeu weid-) que significa conhecer, escreve-se वेद veda no alfabeto devanágari e significa "conhecimento". É a forma guna da raiz vid- acrescida do sufixo nominal-a.

Os vedas consistem de vários tipos de textos, todos datando aos tempos antigos. O núcleo é formado pelos Mantras que representam hinos, orações, encantações, mágicas e fórmulas rituais, encantos, etc...

São estes os quadro Vedas:

Rigveda: (sânscrito: composto tatpurusha de ṛc- (hino) e veda-) significa "veda dos hinos". É o primeiro, na ordem comum de enumeração dos quatro Vedas;

Samaveda: (sânscrito: composto de sāman- (canto ritual) e veda-) significa "veda dos cantos rituais". É o terceiro, na ordem comum de enumeração dos quatro Vedas;

Yajurveda: (sânscrito: composto de yajus- (sacrifício) e veda-) significa "veda do sacrifício". Contém textos religiosos com foco na liturgia, nos rituais e no sacrifício, e como executá-los;

Atarvaveda: (sânscrito: composto de atharvān (um tipo de sacerdote) e veda-). É o quarto veda.

Muitos historiadores consideram os Vedas os textos sobreviventes mais antigos. Estima-se que as partes mais novas dos vedas datam a aproximadamente 500 a.C.; o texto mais antigo (Rigveda) encontrado é, atualmente, datado a aproximadamente 1500 a.C., mas a maioria dos indólogos concordam com a possibilidade de que uma longa tradição oral existiu antes que os Vedas fossem escritos.