sexta-feira, 31 de julho de 2009

Egito Helenístico (332 - 30 a.C.)

Cleópatra VII e Ptolomeu XV no Templo de Dendera - Egito

Desenho especulativo sobre o interior do quê foi um dia a antiga Biblioteca de Alexandria, já que a mesma foi destruída na Antiguidade. Próximo ao local onde esteve a original, em 2002, foi inaugurada a Bibliotheca Alexandrina numa comemoração em homenagem a antiga Biblioteca e financiada pela UNESCO em parceria com o governo egípcio

Em sua curta permanência (outono de 332 - primavera de 331 a.C.), Alexandre, o Grande, arrogou-se o papel de libertador e, deixando aos nativos suas leis e seus templos, fez reconhecer sua filiação divina, ao consular o oráculo do templo de Amon, no oásis de Siuah. Fundou Alexandria, novo mercado marítimo e centro de expansão da cultura helênica. Depois de sua morte (323 a.C.), a satrapia do Egito passou para um nobre macedônico, Ptolomeu, filho de Lagos, que se proclamou rei em 305 a.C. fundando a dinastia dos Lágidas (305 - 30 a. C.). Soberanos gregos residentes no Egito, os Lágidas foram, para os naturais, os sucessores dos faraós. Mantiveram a titulação, o vestuário e o calendário litúrgico tradicionais; a fim de evitar as dificuldades de sucessão, por vezes casavam-se com suas irmãs, como seus predecessores. Durante mais de um século dominaram o Mediterrâneo oriental. Suas possessões englobaram Chipre e numerosas ilhas e pontos de apoio no mar Egeu, até o Helesponto. A riqueza do Egito, que exploravam sem medida, deu-lhes os meios para uma grande política diplomática e militar. O relativo empobrecimento do país, no qual as rebeliões se multiplicavam, as querelas dinásticas e a intervenção romana no Oriente explicam o recuo do poderio lágida. Cleópatra VII (69-30) foi a última grande soberana da dinastia, e sua união com Marco Antônio equilibrou, temporariamente, o poderio ocidental; a vitória de Otávio em Actium (31 a.C.) eliminou essa política, e o Egito foi anexado por Roma. A dominação dos Lágidas sobre o Egito foi do tipo colonial: os naturais foram alijados de todos os cargos importantes e o país foi explorado por conquistadores helenos (macedônios ou gregos). Os gregos beneficiaram-se de uma relativa autonomia municipal nas cidades de Alexandria, Náucratis e Ptolomaida; tornaram-se proprietários de importantes domínios rurais e formaram os quadros de uma imensa administração cujos os arquivos foram escritos em papiros. A economia do país estava inteiramente a serviço dos interesses fiscais da monarquia, que transformou em monopólio certas atividades (produção e comércio da hulha - carvão mineral -, p. ex.) das quais extraiu enormes vantagens. Por causa da administração imposta aos camponeses, arrendatários estabelecidos em terras reais (a repartição dos produtos a serem cultivados, os preços das sementes e das colheitas, submissão a pesados impostos), numerosos lavradores fugiram e alcançaram as regiões próximas do deserto ou as terras pantanosas do Delta. Ao fim do séc. III começaram as revoltas camponesas, que não cessaram mais. Os Lágidas, enquanto isso, controlaram o clero; os templos foram conservados , quando não reconstruídos , e as cerimônias, celebradas. As duas comunidades, porém, raramente participavam, lado a lado, da adoração dos mesmos deuses. Ptolomeu I fundou o Museu de Alexandria, centro de pesquisas e imensa biblioteca que reuniu os maiores sábios (Arquimedes, Eratóstenes) e eruditos (Teócrito, Calímaco, Apolônio de Rodes) de todo o mundo grego. Foi através de Alexandria que a ciência e a literatura gregas foram difundidas e preservadas, chegando até nós.

Um comentário:

Jorge disse...

Ana, tenho acompanhado com interesse suas postagens. Muito bom cada asssunto aqui colocado. Nos faz compreender cada vez mais a nossa história, mesmo porque fazemos parte integrante da própria história do mundo, não é mesmo?
Parabéns, de novo!!!


Um beijo, com carinho,

Jorge