sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A Busca Incansável

Atlântida por Lloyd K.Townsend



Na postagem "Passado Confuso" citei três hipóteses geológicas para a existência da Atlântida defendida por alguns pesquisadores atuais. Estas probabilidades são muito desencontradas entre si. Mas há restos arqueológicos que podem comprovar a existência da ilha continente e por volta de 2800 a.C. começaram a se desenvolver as primeiras provas na Mesopotâmia. Outra teoria para a verdadeira localização Atlantis a coloca na região do Mediterrâneo. É bom registrar a lembrança de que os mitos gregos de onde vem as lendas atlântidas foram criados por pessoas que viveram em territórios com contato muito estreito com a Creta minóica, autêntica superpotência política e econômica da Antiguidade. Localizada no Mar Mediterrâneo, Creta era uma ilha muito rica e muito sofisticada, a ponto de lá existirem palácios de vários pisos. Também vale mencionar que os cretenses celebravam festas táureas como a comentada na postagem anterior onde os reis enfrentavam touros em recinto sagrado.

São várias as analogias entre Creta e a Atlântida. Em 1967, o arqueólogo grego Spyridon Marinatos descobriu os restos de uma cidade cretense da Idade do Bronze num círculo de ilhas que os italianos chamam de Santorini e os gregos, de Thera, no Mar Egeu. A população provavelmente abandonou a ilha quando os primeiros tremores de terra anunciaram a erupção de um vulcão, e essa fuga teria dado origem à lenda da Atlântida. A outra hipótese para localizar o reino perdido é a pequena Ilha de Pharos, em frente ao delta do Nilo, que na Idade do Bronze possuía um grande porto. Pharos estava na área de influência política e econômica dos cretenses seu porto era dotado de uma bacia interior e outra exterior. Essas impressionantes construções portuárias estão submersas nas águas, talvez devido a um terremoto submarino.

A história de Platão situa a Atlântida além das Colunas de Hércules (Estreito de Gibraltar), no Oceano Atlântico. Portanto, é para essa região que converge grande parte dos pesquisadores que buscam a ilha submersa. Naquela época acreditavasse que o Ocidente Distante era um lugar muito misterioso, pois só se conhecia as terras do Oriente.

Porém, quando mais se pesquisa mais dúvidas surgem. As Colunas de Hércules tem sido identificadas frequentemente com a civilização de Tartessos, destruída por volta de 500 a.C., e que provavelmente se situava numa região nas proximidades da cidade de Cádiz, no sul da Espanha. Platão chama-a Gadiros em seu relato, servindo como ponto de referência para assinalar um dos extremos da Atlântida. Há coincidências suficientes entre a civilização de Tartessos e a descrição de Platão para identificá-la como sendo a Atlântida. Se essa suposição for aceita se estabelecerá um ponto intermediário entre a hipótese mediterrânea e a do Oceano Atlântico.

O arquipélago da Ilhas Canárias, localizado a 108 quilômetros da costa noroeste da África, é um dos paraísos arqueológicos. Os pesquisadores tem encontrado restos de antiqüissimas tumbas gigantes. Acredita-se que os atlantes foram muito altos. Porém, pesquisas antropológicas revelam que os antigos habitantes das Canárias vinham das costas africanas e teriam trazido consigo uma cultura rudimentar do Período Neolítico (por volta de 5000 a.C).

Outro dado revelador é que, à exceção das Canárias e de outros picos existentes, toda a Cordilheira Atlântica tem estado submersa por pelo menos 60 milhões de anos. A história do homem, como grupo específico, desligado das diferentes raças de hominídeos, abrange meros 600 000 anos.

Em meio às diversas hipóteses que localizam o continente perdido no Oceano Atlântico, contudo, uma pelo menos é bastante singular. Trata-se da que identifica a Atlântida como sendo a América do Sul. O físico peruano Enrico Mattievich iniciou suas pesquisas em 1981 quando visitou as ruínas arqueológicas no Palácio de Chavin de Huantar, no Peru. Numa das partes do palácio, um verdadeiro labirinto, encontra-se a figura da Medusa (personagem da mitologia grega que tinha os cabelos em forma de serpentes, e cuja cabeça foi cortada pelo herói Perseu) gravada em pedra. Esse detalhe inspirou os primeiros pensamentos de Mattievich sobre uma possível ligação entre a América do Sul e a Grécia, mais especificamente Creta. Alguns objetos encontrados no Palácio de Chavin eram feitos de uma liga de ouro e prata, que ao receber uma parte de cobre tornava-se avermelhada. Esse metal, que os incas, habitantes dessa região hoje pertencente ao Chile, chamavam de coriculque, é semelhante ao oricalco. Segundo Mattievich, não faltam evidências de que os gregos alcançaram o continente americano e por centenas de anos devem ter explorado a região, rica em ouro.

Será que Platão aproveitou o cenário, no caso a Atlântico/América, para nele desenvolver o seu modelo de sociedade ideal?

Essas teorias possuem sua carga de verossimilhança. Porém, nenhuma delas pôde ser totalmente comprovada ante a absoluta carência de restos arqueológicos que possam ser identificados, com certeza, como sendo da Atlântida. Talvez o mistério maior não esteja em saber se ela existiu ou não, ou onde se localizava, mas por que, há tanto tempo, os homens continuam à sua procura.

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