Os hindus, resultantes de sucessivos cruzamentos, herdaram o conhecimento religioso dos conquistadores e outros elementos civilizadores. A religião sucessora, o hinduísmo, apesar de conservar os altos conceitos espirituais da religião inicial, através dos séculos foi se contaminando com outros conceitos: sacrifícios de animais, ofertas de alimentos, pluralidade e feminilização dos deuses, autoflagelações, acirramentos dos privilégios e diferenças de castas, as quais chegaram ao número de três mil (!).
O hinduísmo não tem fundador, nem credo, nem organização de espécie alguma, se caracteriza por sua imensa diversidade e de sua capacidade de absorver novos modos de pensamento e expressão religiosa. Possui como raiz o Livro dos Vedas, desse livro os textos mais lidos são os Upanishads. Foram escritos sob a forma de conversas entre mestre e discípulo, e introduzem a noção de Brahma, a Força Essencial do Universo. Ensina que todos os seres vivos nascem, vivem e ao morrerem retornam a Brahma.
Dentro do hinduísmo há uma grande quantidade de movimentos e seitas com visões divergentes, o conceito popular de divindade é politeísta, cada aldeia tem também sua própria divindade local. Mas é possível distinguir três caminhos básicos para que o homem possa escapar do interminável ciclo de reencarnações:
- A Via do Sacrifício – Fazendo sacrifícios e boas ações, muitos hinduístas almejam obter a felicidade terrena, riqueza e boa saúde, assim como, melhorar seu carma para a próxima encarnação e conseqüente libertação do ciclo.
- A Via da Compreensão ou do Conhecimento – Segundo uma idéia central dos Upanishads, é a ignorância que amarra o homem ao ciclo de reencarnações. O conhecimento que traz a salvação é o de que tudo está contido em Brahman, não há separatividade. O Brahman é o Princípio Construtivo do Universo, uma Força que tudo permeia, uma divindade impessoal de onde tudo se origina e retorna. O homem é libertado do ciclo de reencarnações ao adquirir plena compreensão e convicção da unidade entre atman e Brahman, o objetivo é se dissolver em Brahman.
- A Via da Devoção – Essa terceira tendência, surgida no século III a.C., têm sua expressão clássica no poema épico Bhagavad Gita ou Canto do Senhor. Conta as aventuras do guerreiro Arjuna, guiado por Krishna, na guerra simbólica contra seus primos, os quais, na verdade, são seus próprios defeitos, que devem ser vencidos para que ele possa alcançar a própria libertação. O Bhagavad Gita ensina que se o homem se dedica Deus e age desinteressadamente, ele será libertado, pela graça de Deus, do ciclo de reencarnações. O Gita abre um caminho para uma associação mais pessoal com Deus de que os Vedas ou os Upanishads. Sem rejeitar a ascese e a contemplação ele se caracteriza pelo amor e a devoção do homem para com Deus, numa relação mais íntima com a Divindade.
O conceito brâmane de divindade é trinário: Brahma é o Criador do universo; Vishnu é o sustentador, que protege as leis e a ordem universal; Shiva é o destruidor, que na época do final de cada Manvântara, absorve o universo. A adoração Divina se baseia principalmente em Vishnu e Shiva que é também o Deus da meditação e dos yogues, normalmente é retratado como um asceta. Na Bhakti Yoga, Shiva é visto cheio de compaixão, que salva o homem do ciclo de reencarnações. Vishnu é mostrado como um Deus suave e amoroso, normalmente representado como um lindo jovem. Tem como Avatares Rama e Krishna. Krishna é adorado como o senhor do mundo, normalmente é retratado como um terno pastor de ovelhas.
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